A ideia de aproximar as novas tecnologias e a adaptação destas à população idosa manifestou-se enquanto Fábio Macedo e Jorge Oliveira, ainda estudantes do ensino superior, se preparavam para um concurso de ideias de negócio. O apoio surgiu de um professor familiarizado com a realidade dos lares e centros de dia para séniores. Juntos desejavam melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas, promovendo um envelhecimento mais ativo em todos os domínios. É deste modo que nasce, em 2014, a siosLIFE, tendo como objetivo a integração da população sénior na evolução das novas tecnologias, combatendo o isolamento social a que esta população está sujeita.
O projeto Porto 3i levou a empresa, hoje com dez colaboradores, a vencer a categoria de “Saúde e Bem-Estar” inserida na iniciativa Desafios Porto 2016. Este é um projeto que permitirá a um conjunto de instituições do Porto, usufruir da plataforma siosLIFE, um sistema interativo que recorre às interfaces naturais como o reconhecimento do toque em ecrãs. Os comandos de voz e gestos, através de um sensor de movimentos, permitem “a qualquer pessoa idosa, independentemente da sua idade, das capacidades físicas ou cognitivas, ter um envelhecimento mais ativo e autónomo.”
O Desafios Porto permitiu à siosLIFE trabalhar diretamente com algumas instituições do concelho, contribuindo para “uma motivação forte, porque acreditamos que a validação deste projeto poderá ajudar na sua replicação em outras instituições e municípios.” Atualmente o sistema vai integrar cinco instituições: Obra Diocesana de Promoção Social Centro Social da Pasteleira, Centro Social do Exército de Salvação, Centro Social e Paroquial da Senhora do Calvário, Obra Social N. Sra. da Boa Viagem e SAOM – Serviços de Assistência Organizações de Maria.
A validação do impacto está a ser medido e acompanhado por uma comissão de avaliação da ESTSP e será “muito importante para mostrar em concreto, quais as vantagens e benefícios da utilização dos sistemas interativos siosLIFE, para os profissionais das instituições, os seus utentes e também para os familiares e amigos destes”.
O projeto promove a estimulação cognitiva e o exercício físico, assim como o acesso a áreas mais criativas como a música, pintura e desenho. Estas tecnologias adaptadas estão disponíveis em locais a que a população idosa tem acesso como lares, centros de dia e residências séniores. Também podem ser utilizadas em espaços de acesso público como, por exemplo, bibliotecas, juntas de freguesias ou outros espaços onde esta população se possa dirigir para usufruir dos mesmos. Os sistemas interativos siosLIFE contribuem para a inclusão social das pessoas mais idosas, enquanto promovem um envelhecimento mais ativo e autónomo.
São também abordadas áreas como a Comunicação Simplificada que permite a interação com a família que, muita das vezes, pode estar distante, sendo possível estabelecer contacto através da video-chamada. Há lugar ainda para conteúdos religiosos e um álbum de fotografias destinado aos familiares e amigos, construído remotamente. Para combater a necessidade de memorizar um email e uma password, foi criado um sistema de acesso – login – simples que é feito através de um cartão para que quer a família, quer a instituição, tenham acesso a uma plataforma online que permite o acompanhamento dia-a-dia dos utentes, acompanhando as suas atividades e de percebendo a sua evolução a nível cognitivo na utilização das aplicações.
Jorge Oliveira afirma que “apesar da equipa ser composta essencialmente por Designers e Engenheiros de Software, todo o trabalho é desenvolvido em proximidade com profissionais que trabalham diretamente com os seniores, nas mais diversas áreas de intervenção.” O sistema está de tal forma simplificado que mesmo os que não sabem ler conseguem utilizar a aplicação.
A empresa está a trabalhar para que, num futuro próximo, seja possível disponibilizar estes sistemas de forma adaptada para uso particular (doméstico), constituindo uma ferramenta de ajuda aos serviços de apoio domiciliários já existentes.
O sucesso do sistema não deixa dúvidas para Manuel Pizarro, Vereador da Câmara Municipal do Porto em Habitação e Ação Social, “algumas dezenas de pessoas com uma idade mais avançada irão usufruir deste programa e ajudar-nos a melhorar a resposta a este desafio que todos enfrentamos. Precisamos de estabelecer pontes entre as diferentes gerações, é assim que se faz uma sociedade mais inclusiva e mais solidária, onde todos possamos viver melhor”.